Beto Richa será o próximo governador...

Aval de quase 60% da população pode ser decisivo para o prefeito decidir concorrer ao Palácio Iguaçu

Fonte: GAZETA DO POVO, Publicado em 28/12/2008 | Kátia Chagas

Se depender da vontade da maioria do eleitorado curitibano. o prefeito Beto Richa (PSDB) está liberado para disputar a eleição para o governo estadual de 2010. Quase 60% dos moradores da capital ficariam satisfeitos se o prefeito deixasse o cargo para concorrer ao Palácio Iguaçu. É o que revela o levantamento feito pela Paraná Pesquisas sobre a expectativa dos moradores da cidade em relação a próxima gestão. Os números mostram que 31% prefere que o prefeito continue cumprindo o mandato até o final.

O aval da população pode ser um dos fatores decisivos para o prefeito sair candidato na próxima eleição. Mas o tucano, que teve uma votação recorde em Curitiba, com quase 80% dos votos, terá de descobrir uma fórmula para não provocar um estrago no próprio grupo político, que tem como pré-candidato a governador o senador Osmar Dias (PDT).

Durante a campanha eleitoral, Richa declarou que sua intenção era cumprir os quatro anos de mandato. Agora, se mostra mais flexível e vem declarando que no momento oportuno será escolhido o candidato do grupo com maior viabilidade eleitoral.

Para o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, os números mostram que a maioria apoiaria a candidatura de Beto Richa a governador, mas “é uma decisão difícil que o prefeito vai ter que tomar em algum momento”.

Para o cientista político Carlos Strapazzon, professor do Centro Universitário Curitiba, é insignificante a quantidade de pessoas que se posiciona contra e são várias as explicações para essa tendência do eleitorado. A administração bem-sucedida seria um dos fatores.

Os prefeitos [de Curitiba] que fazem uma boa gestão, segundo Strapazzon, sempre são nomes lembrados para o governo do estado.

No Paraná, segundo o especialista, também está clara uma transição de geração de políticos e a sociedade vem, há algum tempo, buscando novas lideranças. “Beto tem o perfil do político com todas as credenciais para cair no gosto do eleitorado conservador paranaense. Não é líder de massas, não é homem de discursos e nega o modelo do político tradicional. Ele se opõe a tudo que Requião representa de antigo, as velhas práticas e discursos”, comparou Carlos Strapazzon.

Outros fatores a favor do prefeito seriam o bom relacionamento com as grandes lideranças do PSDB nacional e ser filho de um político conhecido, o ex-governador do Paraná José Richa.

Para o cientista político Ricardo Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), prefeito reeleito entra com capital político forte, acaba virando candidato ao governo e se beneficiando. Como exemplo, cita o governador paulista, José Serra (PSDB), que deixou a prefeitura de São Paulo e venceu a eleição de 2006 no primeiro turno.

A definição dos nomes à sucessão estadual, no entanto, vai depender do cenário presidencial para 2010, no qual os candidatos terão de abrir palanques regionais e atuais aliados podem ter de estar em grupos opostos.

Segundo Ricardo Oliveira, o PSDB de Beto Richa e o PDT de Osmar Dias podem tomar rumos diferentes para seguir as composições nacionais. O primeiro embate entre os dois, prevê, será no início do ano em Londrina, onde haverá um novo segundo turno entre o candidato tucano Luiz Carlos Hauly, com apoio de Richa, e Barbosa Neto, do PDT, que terá o senador em seu palanque.

Requião

A reaproximação de Beto Richa com o governador Roberto Requião (PMDB) agradaria em cheio a maioria dos entrevistados pela Paraná Pesquisas. Os dois estão rompidos politicamente desde o início do 2007, quando Requião fez acusações contra o irmão do prefeito, José Richa Filho, na época em que ele era diretor financeiro do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

O governador fez as denúncias, mas não apresentou provas. O prefeito e os aliados responderam abertamente com críticas duras ao governador e cartas abertas na imprensa.

O resultado da briga foi o corte de R$ 63 milhões destinados a Curitiba, que foram retidos pelo governo estadual, sob o argumento de que a prefeitura não poderia receber os repasses porque estava inadimplente com o estado, por causa de uma dívida da época da implantação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

A prefeitura argumentou que a suspensão dos repasses ocorreu em virtude do apoio de Richa ao senador Osmar Dias (PDT) na eleição para o governo em 2006. Requião foi reeleito, mas com uma vitória apertada.

O caso foi parar na Justiça. A prefeitura de Curitiba conseguiu no Tribunal de Justiça uma liminar exigindo que o governo do estado retirasse o município do cadastro de inadimplência. Mas até hoje os recursos continuam suspensos.

Segundo o secretário municipal de Finanças, Luiz Sebastiani, a prefeitura estava contando com o dinheiro que estava reservado no Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU) para investir em obras de infra-estrutura, mas, com a suspensão dos repasses, a administração passou a buscar outras fontes alternativas. “Com esforço de arrecadação e licitação da folha de pagamento, a administração conseguiu realizar os projetos. Não deixamos de realizar obras porque muitas foram executadas com recursos próprios”, explicou.

Prioridade

O levantamento da Paraná Pesquisas mostra também que os moradores de Curitiba ficariam satisfeitos se no próximo mandato do prefeito priorizasse investimentos em saúde, obras nos bairros, mais educação e segurança. As quatro áreas continuam liderando o ranking das reivindicações mais comuns da população.

Outro dado curioso revelado pela pesquisa é que a construção do metrô, uma das promessas de campanha do prefeito Beto Richa, não está entre os maiores desejos da população. Ocupa a 13º posição na lista das medidas que deixariam os moradores mais satisfeitos, perdendo para ciclovias e novos parques.

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