DEBATE PRESIDENCIAL DE AGOSTO - CADÊ A CONCEPÇÃO DE BEM PÚBLICO?

COMO EU VI O PRIMEIRO DEBATE PRESIDENCIAL: BAND - 5 de agosto de 2010

DILMA. Nervosa. Fala técnica. Preocupada em salientar bons resultados do governo Lula no emprego, na reforma agrária, com taxa de juros e retomada do desenvolvimento. Quanto ao futuro, falou de educação de qualidade, no sistema integrado de saúde e educação. Que o Governo não deve substituir movimentos sociais. Mas não explicou adequadamente a critica feita à política das APAES nem como vai reduzir endividamento para 30% do PIB, e assim, garantir a redução dos juros.

SERRA: Calmo. Fala coloquial. Preocupado em salientar suas ações no Min. da Saúde. Tem verdadeira obssessão pelos temas da saúde, em especial seus diletos mutirões da saúde. Criticou: a “crueldade” com APAES e o loteamento de empresas publicas.

Os candidatos foram pouco propositivos. Desse debate não surgiu uma visão consistente de Brasil. Esse debate não deixou claro quais são os desafios dos próximos 20 anos. Sim, pois se um candidato ou candidata pretende assumir o poder apenas para fazer mais creches, melhorar portos, fazer mais mutirões, aumentar a produção de peças para navios, levar mais recursos à saúde, francamente, não deve ser Presidente, não captou a essência de ser chefe de Estado e de Governo. Foi um debate pra falar de coisas do dia-a-dia. Mais do mesmo. São falas muitíssimo gerencialistas. Até parece que esses candidatos, exceto Plínio, não são os principais líderes de seus partidos. Dilma, Serra e Marina não falam como presidentes, mas como funcionários de governo, como burocratas executivos. Os candidatos precisam assumir a concepção de bem público que os orienta. Por isso Plinio foi a vedete. Gostemos ou não suas posições, ninguém dúvida do que é seu projeto: distribuição de renda. Os demais candidatos precisam aprender com o passado e afirmar, categoricamente, que o Brasil terá um rumo, uma direção: trabalho e emprego (era Vargas), industrialização (era JK e período militar), menos Estado (era Collor/FHC); fim da pobreza (projeto Lula). É com essas concepções claras de bem público que se impulsiona um governo nacional e se mobiliza o processo democrático. Em políticas públicas de larga escala, como as presidenciais, ninguém acerta no miúdo, nem o eleitor lembra desse tipo de promessas. Por isso, os candidatos devem ter discurso que aponte para alguma direção; não importam os caminhos e atalhos. Isso é uma exigência democrática. Os recursos que a sociedade mobiliza para ter um processo eleitoral transparente, e não são poucos, requer que os candidatos não se escondam, numa campanha dessa magnitude e importância, em rotinas e tarefas de ministérios. É para gerarmos consenso em relação aos grandes temas, aos grandes rumos que nos mobilizamos de 4 em 4 anos. E precisamos gerar consensos fortes. Mas teremos consensos democráticos só em relação a princípios, a direções, não em relação ao meios, aos instrumentos de execução desses fins. Mas esses candidatos não manifestam seus princípios. Tornemos a perguntar: Sra. Dilma: seu governo será uma continuidade do projeto Lula, nosso desafio nacional é erradicar a pobreza e, por aí, promover o desenvolvimento econômico orientado pelo mercado interno? Sr. Serra: seu governo será orientado pela redução dos gastos públicos e pela atração de investimentos estrangeiros, nosso desafio continua a ser uma inserção global sustentável? Cadê a concepção de bem público que os orienta?

Comentários

Postagens mais visitadas