RETRATO DO BRASIL, NO ÚLTIMO RELATÓRIO DO IDH






http://hdr.undp.org/es/countries/profiles/BRA



Subimos e ainda estamos na lista dos países de elevado IDH. Subidinha para 7.555.

Em uma perspectiva de longo prazo, o RDH 2015 mostra que o Brasil continua a seguir uma tendência de crescimento do IDH, com uma alta acumulada de 24,2% entre 1990 e 2014, um crescimento anual médio de 0,91% no indicador. Esse foi o melhor desempenho entre os países da América do Sul no período. Isso significa que os brasileiros ganharam 9,2 anos de expectativa de vida, viram a renda aumentar 50,7% enquanto, na educação, a expectativa de anos de estudo para uma criança que entra no ensino em idade escolar cresceu 24,5% (3 anos), e a média de anos de estudos de adultos com 25 anos ou mais subiu 102,6% (3,9 anos). Entre 2006 e 2013, o total de brasileiros que vivem em condição de pobreza multidimensional caiu de 4% para 2,9%. De acordo com os dados, a maior privação é na área de saúde, especificamente em relação à mortalidade infantil. Da mesma forma, o percentual de famílias que vivem próximas à pobreza multidimensional, ou seja, que estão mais vulneráveis a essa situação, caiu quatro pontos percentuais descendo de 11,2% para 7,2%, no mesmo período.” (http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=4237)

Contudo, quando esse resultado é ajustado pelo índice de desigualdade, como se faz desde o Relatório de 2010, então desabamos: somos IDH 0,557.

A redução em razão da desigualdade está entre as maiores do grupo de países de Alto Desenvolvimento Humano (19,4%), ficando atrás apenas do Irã (33,6%) nessa categoria e à frente da média mundial (22,8%). (http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=4237)

Tem umas contradições interessantes nesses números no PNUD:

A primeira é o salto do IDH na era, vamos dizer, "liberal". De 1990 para 1999 foi de 0,608 para 0,683. Portanto, avanço de 0,075. Já a elevação na fase, digamos, "social", que vai de 2000 a 2014 foi de: 0,072. Quer dizer: em termos globais de evolução de IDH, os dois modelos geraram resultados muito semelhantes.

Por outro lado, quando se ajusta o IDH pelo consideração da DESIGUALDADE, que é o que se faz na aferição do IDH desde 2010, então desabamos para um resultado desolador: 0,557. Perdemos 26,3% do nosso IDH por causa da desigualdade na distribuição dos resultados em educação, renda, saúde e expectativa de vida.

Se considerarmos a DESENVOLVIMENTO DE GÊNERO em termos de expectativa de vida, educação e controle sobre recursos econômicos, até que temos evolução. Nosso IDG é 0,752 para mulheres (para homens é de 0,754). São números melhores do que a média da Am. Latina.

Considerando, porém, o INDICE DE DESIGUALDADE DE GÊNERO (que mede desigualdades em termos de saúde reprodutiva, empoderamento político parlamentar e participação no mercado de trabalho) para avaliar as PERDAS de Desenvolvimento Humano por causa da desigualdade de gênero, então o quadro fica feio: no Brasil, 9,6% das cadeiras parlamentares são femininas (no México é 37%, na Argentina é 20% e a média da Am. Latina é 27%). A mortalidade de gestantes por aqui também é alarmante. A cada 100.000 nascimentos, morrem aqui 69 mulheres (México é 49). Quanto ao mercado de trabalho, 80% das mulheres são professoras, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços de saúde. Mas o contingente das mulheres trabalhadoras mais importantes está concentrado no serviço doméstico remunerado; no geral, são mulheres negras, com baixo nível de escolaridade e com os menores rendimentos na sociedade brasileira.

Considerando agora, a POBREZA MULTIDIMENSIONAL, indice que passou a existir a partir de 2010 pra medir indice de privações familiares per capita em educação, saúde e qualidade de vida, nota-se uma importante evolução do Brasil na redução de obstáculos que privam as pessoas pobres, ou em situação de extrema pobreza, do acesso ao desenvolvimento humano. Nosso índice de privação multidimensional é menor (em 0,9) do que o indice de privação de renda. Logo, pessoas com renda abaixo da linha de pobreza estão tendo acesso a recursos NÃO econômicos que favorecem escolhas que podem melhoram suas vidas.

No Brasil, 2,9% da população (5,4 milhões) está em situação de pobreza multidimensional. Outros 7,2% (14, 7 milhões) estão muito próximo disso. Quer dizer, 10% da população do Brasil é afetada pela pobreza multidimensional ou está serio risco de cair nessa situação.


Neste ano, o Relatório faz dez menções diretas ao Brasil, com destaque ao programa BOLSA FAMILIA, de transferência de renda, que recebeu três citações (p. 19, p. 166 e p. 170), reconhecendo a iniciativa como uma política pública de sucesso que forneceu proteção social efetiva à população e que, por isso, foi replicada em outras partes do mundo. As outras citações ao país referem-se a associações sindicais (p. 36), aumento do consumo da classe média (p. 67), migração interna campo-cidade (p. 68), proporção de extensionistas rurais por família (p. 141), trabalhadores na indústria do tabaco (p. 144), inclusão financeira (p. 154) e sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (p. 168)

Quer dizer, a despeito de experimentarmos um governo de orientação "social" nosso IDH ainda é duramente abalado pelo alto peso da desigualdade de renda e de gênero em nossa sociedade. Na desigualdade, temos piores resultados do que a Colombia e o México. Já em relação às pessoas em pior situação social, nosso progresso é notável, se nos comparamos com outros paises em desenvolvimento. Contudo, os avanços até não foram suficientes para garantir uma continuidade sustentável do progresso em nosso IDH.

É consenso firme nos relatórios de IDH que sem reduções notáveis na desigualdade social e na desigualdade de gênero, não pode haver avanço sustentável nos resultados de IDH.

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