OS JUROS CAIRAM E A MÃO INVISÍVEL PEDE AJUDA


A reforma trabalhista comemorou 2 anos; e as altas taxas de desocupação e subocupação, também. 
Veio a reforma. Não veio emprego bom.

A esta altura, a Reforma da Previdência já foi confirmada e precificada pelo mercado. Ficou de pé por decisão do DEM e do PSDB. A versão de Paulo Guedes foi arquivada. A de Onix, nem lida.

O teto do gasto público deixou seu recado: desde o Governo Temer haveria limites para a expansão do gasto. Agora a LOA 2020 deixou outro: o governo atual não cortou gastos supérfluos. E o teto é uma pedra no caminho da capacidade deste governo. Sem redução das despesas, e sem novas receitas, esse teto inibe os investimentos do Estado.

A recessão grave e a atual estagnação geraram medos. O medo esfriou as expectativas de investimentos. Diante do resfriamento, caiu a inflação. Juntos, o teto dos gastos, o balde de gelo nas expectativas e a queda da inflação, abriram a porta para cair a taxa Selic. E ontem a SELIC desceu aos 5.5% a.a. Marca histórica. 

Se não há risco de inflação, nem de expansão de gasto público, no modelo brasileiro, cai a SELIC por força da gravidade. Nós não usamos o BACEN para fortalecer a economia. Usamos a economia pra fortalecer o BACEN. 

Agora sabemos. Todos sabemos: não haverá estouro das contas públicas. Então é hora de voltar a crescer.

Mas como?

Reforma trabalhista, teto de gasto, reforma da previdência, queda da inflação, queda dos juros, todos já estão na vitrine.

E por que não saímos da estagnação?
Porque o Governo se enredou num "apagão das canetas". Não decide o que é importante.

O governo atual não cortou gastos supérfluos. Embora tenha cortado gastos da ciência e da educação superior: motores da inovação e da produtividade. E tem um déficit primário colossal. Precisa cortar despesas e não corta.
Promete vender empresas estatais, continuar a combater a corrupção e aumentar a liberdade econômica.

O nível de investimentos no Brasil está em magros 16% do PIB. Precisa chegar em 20%, pra ficar na média de 2010-2014.  


Em maio de 2018, a OCDE previa um crescimento global de 4% para 2019. Hoje (19.Set) a previsão é de crescimento abaixo de 3%. 

De fora, não podemos esperar ajuda. As perspectivas de crescimento despencaram perigosamente, disse o economista chefe da OCDE, em conferência para a imprensa, de 19.Set.19. A causa é política: queda de braço entre EUA e China. 

Em 2018-1, o investimento global estava aumentando a um ritmo de quase 5% a.a. e o comércio crescia acima de 4% a.a. Em Set/19, a taxa de crescimento do investimento pode cair para menos de 1%, e o comércio mundial ficará negativo no segundo trimestre. 


É necessária uma resposta urgente, diz a OCDE.  

Aqui, o governo brasileiro assiste a quebra lenta e progressiva da cadeia de produção tecnológica mais sofisticada do país. E a guerra ideológica vai asfixiando o  investimento em Ciência, Tecnologia e Educação Superior.

Em algum momento, em breve, o Governo dirá que já fez sua parte e que o mercado deve começar a fazer sua.

É grosseiro fazer juízos definitivos. Sempre são suspeitos. Apesar disso, suspeito que em breve o Governo entenderá que a mão invisível do mercado já está estendida a pedir ajuda.  


Veja mais:
Relatório da OCDE, 19.Set. https://bit.ly/2kshYj5 
BACEN reduz a SELIC a 5.5%: https://bit.ly/2kHWnDv

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