Lula fecha equipe ministerial



A Mediação com o Legislativo tem perfil conservador: José Múcio Monteiro (PTB/PE) é o líder do Governo na Câmara; Romero Jucá (PMB/RR) é o líder no Senado; e Roseana Sarney (PMDB/MA), no Congresso. Para completar o time, o ministro das Relações Institucionais é Walfrido Mares Guia (PTB).

Com a posse de cinco novos ministros nesta quinta-feira (29.03.07), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu a montagem do governo de coalizão apoiado por 11 partidos políticos.
Com 12 alterações, a nova equipe se reúne pela primeira vez na segunda-feira (2.04.07). Lula confirmou no cargo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse uma fonte do Planalto, encerrando quatro meses de negociações da reforma. A única confirmação pendente é a manutenção do atual ministro Altemir Gregolim, do PT de Santa Catarina, na Secretaria da Pesca.
Em relação ao primeiro mandato, a reforma tem três aspectos diferenciais: Lula incluiu antigos adversários na equipe, manteve a "fatia" ministerial do PT do mesmo tamanho, mas com menor peso político e nomeou ou manteve técnicos para áreas estratégicas, optando por nomes de perfil conservador sem grandes promessas de renovação na elaboração e aplicação das políticas públicas do Governo, especialmente na área econômica. Um dos poucos avanços significativos da reforma foi a indicação do jornalista Franklin Martins para a recém-criada Secretaria de Comunicação social.
Conservadores - O time que vai fazer a mediação do Governo com o Legislativo tem perfil conservador. Diferente do primeiro mandato, quando os interlocutores eram afinados historicamente com as políticas e as propostas do Planalto. O Artigo (Coaege.doc) do jornalista e diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, esmiúça bem este fato e preocupação.
Queiroz chama a atenção pelo fato de o Governo “entregar toda a coordenação política – no Congresso e no Governo – a políticos conservadores, e de partidos de posições políticas sociais-liberais, não é uma atitude neutra, voltada apenas para a maior eficiência operacional do Governo, nem desprovida de implicações políticas. Pelo contrário, ela tem duplo significado: i) o de reafirmar a coalizão de Governo, e ii) o de dar maior flexibilidade aos princípios anteriormente sustentados pelo Governo”, pontua.
Partilha - O PT mantém 18 filiados no comando de ministérios, secretarias especiais e estruturas como Advocacia Geral e Controladoria-Geral, mas perde a importante secretaria de Relações Institucionais para Walfrido Mares Guia, do PTB. Por outro lado, um petista (Tarso Genro) assume o importante Ministério da Justiça que tem, entre outras funções, o controle da Polícia Federal, responsável por investigações envolvendo integrantes do governo.
O PMDB tem cinco ministros de alas diversas. PP, PR, PSB, PCdoB, PDT e PV têm um ministro cada. O vice José Alencar é do PRB. Quatro ministros não são filiados a partidos (Celso Amorim, general Jorge Félix, Miguel Jorge e Franklin Martins).
Os novos ministros da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, ambos do PMDB, e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), foram adversários do PT em eleições passadas e críticos do governo Lula até recentemente.
"Coalizão pressupõe uma grandeza capaz de absorver pessoas que até ontem falavam mal de você. Quem tem de ter grandeza não é quem perde, é quem ganha a eleição", disse Lula na cerimônia desta quinta-feira.
Quadros técnicos e políticos - Lula resistiu a pressões do PT para nomear a ex-prefeita Marta Suplicy no Ministério da Educação, onde manteve o economista Fernando Haddad. Também negou a Saúde aos deputados do PMDB, nomeando o médico José Gomes Temporão, que se filiou ao partido por recomendação do presidente.
"Com Educação e Saúde a gente não pode brincar", disse Lula no início do mês, no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação. No Ministério do Desenvolvimento Social, manteve o petista Patrus Ananias, a quem atribui a consolidação do programa Bolsa Família.
Depois de preservar o tripé da Economia (Guido Mantega, Henrique Meirelles e Paulo Bernardo), Lula reforçou o papel da ministra Dilma Roussef (Casa Civil), coordenadora do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Ministros e dirigentes de estatais que participaram da elaboração do PAC foram mantidos (Minas e Energia, Cidades, Caixa Econômica, Petrobras, Banco do Brasil, entre outros).
Paulo Passos permanece nos Transportes, como secretário-geral do ministro Alfredo Nascimento, a quem substituiu por um ano. Pedro Britto, que cedeu Integração Nacional a Geddel Vieira, vai para a nova Secretaria de Portos.
“Especialistas” - Um auxiliar direto do presidente disse que Lula preservou os "especialistas" para garantir que o segundo mandato terá "um sentido estratégico, voltado para o crescimento da economia e avanço das políticas sociais".
A nomeação do jornalista Franklin Martins para a nova Secretaria de Comunicação Social também está relacionada ao perfil de "especialista" num dos setores mais fragilizados no primeiro governo Lula, segundo este auxiliar.
Também se incluem entre os "especialistas" os ministros da Cultura, Gilberto Gil (PV), e de Meio Ambiente, Marina Silva (PT), ambos mantidos. Lula tem a mesma expectativa em relação ao executivo Miguel Jorge, empossado nesta quinta no lugar de Luiz Fernando Furlan, que deixa o Desenvolvimento.
O deslocamento do ministro Luiz Marinho do Trabalho para a Previdência foi o último, mais surpreendente e mais complicado lance da reforma. O Trabalho era "território político" da CUT, a central fundada por Lula nos anos 1980.
O PDT do novo ministro Carlos Lupi tem ligações políticas com a Força Sindical, rival da CUT. Dirigentes da CUT e mais cinco centrais aliadas tentaram, sem sucesso, reverter a mudança num encontro com Lula na noite de quarta-feira.
O PT de Santa Catarina tenta devolver a Secretaria da Pesca ao ex-ministro José Fritsh, candidato derrotado ao governo do Estado. Lula deve manter o ministro Altemir Gregolim.
"O presidente Lula já montou um ministério representativo da coalizão e é muito pouco provável que faça alguma outra mudança", disse à Reuters o presidente do PT, Ricardo Berzoini.
Fonte: DIAP. 30.03.07

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