Votos nulos no Paraná - erro ou protesto?

Depois das eleições houve duras críticas ao crescimento “expressivo” de votos nulos nas eleições para governador. O que foi objeto de críticas, inclusive, do próprio governador reeleito.

Este estudo é uma contribuição para tentar explicar o que ocorreu.

Na comparação com os demais estados que tiveram segundo turno, observa-se que:
a) a média de nulos dos 10 Estados, no segundo turno, foi alta, semelhante à do Paraná. (ver Tabela abaixo)
b) na média dos 10 Estados os votos nulos cresceram do primeiro para o segundo turno; (ver Tabela abaixo)
c) no sul do Brasil: no RS houve queda de nulos do primeiro para o segundo turno, mas em Santa Catarina, houve aumento. (ver Tabela abaixo)
d) só em 2 Estados o número de nulos foi inferior a 5% (Pará e RS); (ver Tabela abaixo)
e) no Pará e no RS os números a serem digitados para escolher governador e presidente eram os mesmos (nos dois casos era preciso digitar 13 ou 45).

Nas diferentes regiões do Paraná:
f) No Paraná, em todas as 10 mesorregiões, há uma diferença constante entre votos nulos para presidente e governador. Predomina uma diferença aproximada de 1,5% a mais de nulos para governador em mais de 90% dos municípios.
g) O mapeamento individualizado dos votos nulos (cfe. aparecem nos mapas abaixo) revela que há uma maior concentração de votos nulos na mesorregião Norte pioneiro, noroeste, centro ocidental, centro sul e centro oriental (campos gerais), e mesmo na mesorregião metropolitana de Curitiba, onde aliás, está o mais elevado índice de nulos (em Tunas do Paraná).
h) O mapeamento individualizado dos votos nulos (cfe. aparecem nos mapas abaixo) revela também que nas regiões oeste e sudoeste há a menor concentração regional de votos nulos.
i) Na região centro norte (Maringá e Londrina) os nulos seguem a média do Estado.

Essas informações permitem algumas conclusões provisórias:

1 – O comportamento dos votos nulos no Paraná não se desviou do que ocorreu na média dos demais 10 Estados. Em 5 deles houve diminuição de nulos no 2º turno. Em outros 5 houve aumento.
2 - O comportamento dos votos nulos no Paraná não se desviou do que ocorreu no Sul. No RS caiu, mas em SC aumentou.
3 – Os baixos índices de votos nulos do Pará e RS coincidem com o fato de os números dos candidatos a Governador serem os mesmos dos candidatos a Presidente, o que, a meu ver, reforça a interpretação de que os nulos estão mais relacionados com erro do que com outra explicação. Com isso não pretendo dizer que todos os votos nulos são erro. Mas que um percentual nada desprezível dentre os nulos é de erro já que no Pará e RS onde as chances de erro caem muito, o voto nulo de protesto deve representar a maioria, e não chega a 3% no 2o. turno.
4 – Nas mesorregiões paranaenses que podem ser consideradas bases eleitorais do Governador Requião houve os maiores índices de votos nulos, o que pode ter prejudicado sua performance. Seu eleitor informou os institutos de pesquisa que votaria nele, mas errou no momento de votar. Daí as distorções entre boca de urna e resultado.
5 - O IBOPE divulgou resultado de boca de urna em 29.10.06. O percentual de brancos e nulos não está separado. Mas como se vê na tabela abaixo, é a diferença entre a boca de urna e o resultado em importantes 3,75%. Essa diferença, todavia, também apareceu no caso do Maranhão, foi semelhante no caso do RS (3,52%) e inferior ao que apareceu em Pernambuco (5,68%)

Segundo o IBOPE, "no caso do Paraná, não há pesquisa que consiga captar diferenças tão pequenas como a observada nesta eleição. Os altos índices de votos brancos e nulos (9%) e de abstenção (18%) verificados neste segundo turno podem ter prejudicado os votos do Governador reeleito, Roberto Requião" (Márcia Cavallari, diretora executiva do IBOPE Opinião, publicado em NOTICIAS, 30.10.06, em www.ibope.com.br).

Para discussão.

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