Biografia - Luis Inácio Lula da Silva - dos 57 aos 59 anos


DA ELEIÇÃO À CRISE POLÍTICA DA “CPI DOS CORREIOS”
2002 –
Na última semana de junho, a Convenção Nacional do PT aprovou uma ampla aliança política (PT, PL, PC do B, PCB e PMN). A Coligação partidária chamava-se "Lula Presidente". O candidato a vice-presidente na chapa foi o empresário mineiro da indústria têxtil (COTEMINAS), vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e senador José Alencar Gomes da Silva (PL-MG). Em 22 de junho, durante a campanha eleitoral, assina e divulga a “Carta ao Povo Brasileiro”, na qual afirma solenemente que seu governo não tomará decisões irracionais em relação ao mercado financeiro, às finanças públicas e ao marco regulatório da economia. Elege-se presidente da República com o maior número de votos já obtido por um político até então (52,4 milhões de votos). Lula manteve a liderança da disputa presidencial durante todo o 1º turno nas pesquisas de intenções de votos, com grande vantagem em relação ao 2º colocado, José Serra (PSDB-SP), posição que marcou disputa acirrada entre Serra, Garotinho (PMDB-RJ) e Ciro Gomes (PPS-CE). A campanha, por adotar um tom mais moderado, colorida, ficou conhecida como "Lulinha paz e amor". --- tinha 57 anos.
2003 – Primeiro ano de governo. O ano foi marcado pela postura conservadora das políticas públicas. No balanço de seu primeiro ano de governo destacaram-se: convencimento da comunidade internacional: o Brasil não estava passando às mãos de um grupo inexperiente e irresponsável.
Adoção de postura conservadora nas políticas fiscal e monetária para estabilizar a economia que atravessava uma convulsão agravada pelo próprio processo eleitoral: inflação ascendente (o ano de 2002 terminou com taxas mensais situando-se entre 2% e 3%, em 2003 baixou para o patamar de 0,3% mensais), risco país acima de 2.000 pontos e falta de crédito externo. Iniciaram-se medidas para elevação do superávit primário e manutenção da alta taxa básica de juros.
A cotação do dólar recuou dos 3,99 em Outubro do ano anterior para cerca de 2,90, numa valorização de quase 40% da moeda nacional. Lula escolheu homens de pensamento econômico conservador para a direção do Banco Central do Brasil e deu total independência a este para praticar uma política monetária ortodoxa.
Na área do comércio exterior, os mais otimistas previam um superávit de US$ 17 bilhões. O ano terminou com um saldo de US$ 24,8 bilhões. Realizaram-se negociações da ALCA sem crises com os EUA.
Apresentação de projetos de reforma tributária e da Previdência. Promoveu um novo aumento da carga tributária, alterando a legislação da Cofins sob a justificativa de atender a uma velha reivindicação empresarial e aproveitou a mudança para elevar significativamente a incidência do imposto para alguns setores, principalmente o de serviços.
Este primeiro ano de governo foi marcado também pela expulsão dos dissidentes do PT (ou rebeldes ou puristas) e pelo ‘aparelhamento’ ou loteamento do governo pelos filiados ao Partido dos Trabalhadores.
A avaliação que os brasileiros fizeram do presidente permaneceu estável, embora a reprovação ao seu desempenho tenha registrado ligeiro aumento; essa avaliação foi semelhante à obtida por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, após um ano de mandato. O Datafolha entrevistou 12.180 brasileiro. O desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aprovado por 42%, considerado regular por 41% e ruim ou péssimo por 15% --- tinha 58 anos.
2004 – O ano ficou marcado pelo crescimento econômico
A economia cresceu de maneira vigorosa. De janeiro a setembro, o PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas pelo país no ano) cresceu 5,3% em relação aos nove primeiros meses de 2003.
O desemprego nos seis principais centros metropolitanos do país caiu para 10,5% da população economicamente ativa em outubro, o nível mais baixo nos últimos três anos. Segundo as contas do IBGE, foram criadas 774 mil novas vagas formais em um ano.
Nunca o Brasil exportou tanto quanto em 2004, vendas de US$ 95,3 bilhões no mercado internacional. O país caminha fechou o ano com superávit comercial de US$ 33,66 bilhões. O agronegócio foi responsável por apenas um terço das exportações brasileiras, mas o saldo comercial dos produtos agropecuários atingiu cerca de US$ 35 bilhões - superior à totalidade do superávit comercial brasileiro previsto para o ano. Entre os muitos casos de sucesso, destaque para a soja e para a carne.
O risco-país caiu para menos de 400 pontos, atingindo os menores níveis desde 1997, às vésperas da crise asiática.
Os juros voltaram a subir no final do ano. Começou janeiro em 16,5%, iniciou um discreto movimento de queda no primeiro semestre mas acabou terminando 2004 em 17,75%.
No ano a inflação acumulada foi de 6,68%, acima da meta de 5,5% para 2004.
O governo estipulou o horizonte de 400 mil famílias sem terra assentadas até o final do mandato, assentou 36 mil ao longo de 2003 e 56 mil de janeiro a novembro de 2004.
Aumento de R$ 40 no salário mínimo.
Nas relações internacionais o governo Lula privilegia as negociações com os países do Sul.
Sancionou o projeto de lei das PPP´s (Parcerias Público-Privadas).
Em termos de aprovação legislativa, o governo federal foi o autor de 85% dos principais projetos aprovados pelo plenário da Câmara dos Deputados. Os deputados aprovaram 88 medidas provisórias, contra 57 em 2003.
O Partido dos Trabalhadores, pela primeira vez, foi a sigla mais votada numa eleição municipal, tanto no primeiro como no segundo turnos. O partido do presidente se espalhou pelo país, ganhou cidades médias e capitais do Norte-Nordeste - como Macapá (AP), Palmas (TO), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO)-, mas perdeu o domínio dos grandes centros urbanos. O PT não fez nenhuma capital nas regiões Sul e Centro-Oeste e ganhou nas duas menores capitais do Sudeste, Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES). Obteve ainda a reeleição de João Paulo, em Recife (PE), e Marcelo Déda, em Aracaju (SE). O partido do presidente Lula foi rejeitado no segundo turno em quatro capitais onde detinha a prefeitura - São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belém (PA) e Goiânia (GO). As cidades maiores foram conquistadas pelos tucanos - entre as capitais estão São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC).
Uma reportagem da Revista ÉPOCA em fevereiro revelou que Waldomiro Diniz, assessor direto do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu propina e contribuições de campanha a um empresário de jogos do Rio de Janeiro conhecido como Carlinhos Cachoeira. Diniz foi exonerado, mas a oposição aproveitou para fazer barulho e chegou a pedir a instalação de uma CPI.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou o segundo ano de seu mandato com a aprovação de 45% dos brasileiros, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em 154 cidades. Apesar da semelhança com a avaliação do segundo ano de FHC, para 54% dos brasileiros Lula fazia um governo melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso; para 26% ele fazia um governo igual e para 16% ele tinha um desempenho pior do que o de seu antecessor. 45% consideravam seu governo ótimo ou bom. 40% consideravam regular. 13% consideravam ruim ou péssimo. Em relação ao primeiro de governo, aumentou o número dos que consideravam bom ou ótimo, caiu o número dos que julgavam regular, caiu dos que julgavam ruim ou péssimo --- tinha 59 anos.

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